Obrigo-me pois a contar com a inteligência de quem considerar este artigo pertinente. A quem quiser dedicar o seu tempo a reflectir sobre alguns princípios deste Cerimonial.
Penso na Cultura Ocidental. Penso na Cultura Oriental. Penso no Teatro. Penso no Homem na sua dimensão social, cultural, política e espiritual.
Já nos foram dadas tantas chaves para a Felicidade, para a Evolução e contudo, é na hora de agir, de sermos praticantes e não somente leitores ou ouvintes, como diz o meu mentor espiritual Pastor Augusto José, que devemos estar firmes no que aprendemos. No que nos é ensinado e captamos através dos ouvidos, da inteligência.
Ando a ler neste momento um livro de Daniel Goleman: Inteligência Emocional. Agrada-me a frase dele que diz que deveríamos treinar a capacidade de levar inteligência às emoções em vez de sermos tomados por elas de forma descontrolada. De facto, não somos as nossas emoções. Temo-las mas não são elas a nossa identidade.
Seja no Teatro, na verdadeira via das Artes Marciais ou em qualquer aspecto da vida, a solução para todos os problemas resolve-se com um ensinamento só. Foi-nos dito à mais de dois mil anos e ainda assim não conseguimos segui-lo: Amai-vos uns aos outros. Disse-o o Mentor dos Mentores, ou citando Cury, O Mestre dos Mestres: Jesus Cristo.
O Cerimonial no Aikido [Imprimir]
Artigo de: Manuel Galrinho
Publicado em: 2007-06-23
De qualquer modo há elementos comuns a todas as escolas:
- A entrada e saída do espaço de prática do dojo é sempre marcada por uma saudação, nalgumas escola a saudação é de pé, noutras é em seiza, noutras ainda em seiza no início e no fim da aula e de pé se se precisar de sair durante a aula por breves momentos.
- O início e o fim da aula são marcados por um cerimonial conjunto que contém sempre um momento de silêncio meditativo. A este momento segue-se normalmente uma saudação à foto do fundador do Aikido, que na maior parte dos dojos se encontra no tokonoma. Depois desta saudação, professor e alunos saúdam-se mutuamente.
- O início e fim de uma prática, entre dois ou mais parceiros, são também marcados por uma saudação.
- A forma como se espera a entrada e a saída do professor é também dirigida por regras. Normalmente os alunos esperam no tapete pela entrada do professor e, no final da aula, mantêm-se em seiza até que o professor saia da sala. A forma como se espera pela entrada do professor varia um pouco de escola para escola. Nalgumas escolas essa espera é feita de pé, só se passando à posição de seiza no cerimonial de início da aula; noutras ela é feita já em seiza. Como já foi dito, o fundamental não é a existência duma regra universal, mas o cumprimento das regras que a escola adoptou.
- Nalgumas escolas os alunos alinham por ordem de graduação, os mais graduados do lado direito e os menos graduados no lado esquerdo. O cumprimento desta regra é difícil em grandes estágios quando se desconhecem as graduações dos outros praticantes. Nalgumas escolas não se segue esta regra. No dojo Aikikai de Tóquio, por exemplo, os alunos não alinham segundo nenhum regra, vão-se sentando nos espaços vagos à medida que vão entrando no tapete.
- Cultivar o silêncio durante toda a aula é ainda uma das características do cerimonial do Aikido. Quando há necessidade de empregar palavras para ajudar um praticante mais jovem isso deve ser feito usando o mínimo de palavras e sempre em voz baixa.
Os alunos devem, logo desde o início da prática do Aikido, compreender que o cerimonial e a etiqueta não são gestos acessórios na prática do Aikido, mas aspectos fundamentais desta prática. A atitude de cuidado para com os outros, para com o espaço onde se caminha nesta via, pelo ensinamento que no são transmitido, são aspectos fundamentais da unidade e harmonia que se busca no aikido.
O cumprimento das regras permite ainda desenvolver a atenção, a presença no presente, tão importante no Aikido. Ajuda ainda a apaziguar a mente que, muitas vezes perturbada pala agitação da vida, necessita de pequenos momentos ritualizados para atingir a calma necessária à prática.