QUEM SOMOS

Romanos 12 é um grupo de teatro sediado em Lisboa, na zona de Benfica, constituído por um conjunto de pessoas que trabalha, não remuneradamente, segundo alguns métodos e princípios orientais (Japoneses, Chineses e Coreanos) e que se identifica ideológica e espiritualmente com a doutrina de Cristo.

A Direcção Artística do Grupo, quer na área da formação como na área da encenação, está a cargo de um profissional licenciado em Teatro.

Romanos 12 tem como missão a Evangelização através de um Teatro defensor da Transformação, Salvação do Mundo e dos Seres Humanos. O grupo tem como principais actividades a formação (artística e espiritual) dos seus membros constituintes e as apresentações públicas de Espectáculos de Teatro que combatam a injustiça e a desigualdade, praticados de forma dedicada, disciplinada e inteligente tal como uma Arte Marcial.

sexta-feira, 25 de março de 2011

REFLEXÃO PARA CONSUMIR DE PREFERÊNCIA ANTES DO FIM DE:

Encontrei este artigo acerca do Cerimonial inicial do Aikido. Dá que pensar... se estivermos dispostos a isso claro! Sublinhei algumas passagens e a minha ideia inicial era comentar cada um desses excertos. Depois reflecti e, à luz das palavras de Ávila Costa, meu mentor teatral, subscrevo-o: Constatar qual quer um o consegue fazer. 
Obrigo-me pois a contar com a inteligência de quem considerar  este artigo pertinente. A quem quiser dedicar o seu tempo a reflectir sobre alguns princípios deste Cerimonial. 
Penso na Cultura Ocidental. Penso na Cultura Oriental. Penso no Teatro. Penso no Homem na sua dimensão social, cultural, política e espiritual. 
Já nos foram dadas tantas chaves para a Felicidade, para a Evolução e contudo, é na hora de agir, de sermos praticantes e não somente leitores ou ouvintes, como diz o meu mentor espiritual Pastor Augusto José, que devemos estar firmes no que aprendemos. No que nos é ensinado e captamos através dos ouvidos, da inteligência.
Ando a ler neste momento um livro de Daniel Goleman: Inteligência Emocional. Agrada-me a frase dele que diz que deveríamos treinar a capacidade de levar inteligência às emoções em vez de sermos tomados por elas de forma descontrolada. De facto, não somos as nossas emoções. Temo-las mas não são elas a nossa identidade.
Seja no Teatro,  na verdadeira via das Artes Marciais ou em qualquer aspecto da vida, a solução para todos os problemas resolve-se com um ensinamento só. Foi-nos dito à mais de dois mil anos e ainda assim não conseguimos segui-lo: Amai-vos uns aos outros. Disse-o o Mentor dos Mentores, ou citando Cury, O Mestre dos Mestres: Jesus Cristo.


O Cerimonial no Aikido [Imprimir]
Artigo de: Manuel Galrinho
Publicado em: 2007-06-23

Cada escola possui as suas próprias regras de etiqueta e essa diferença deve ser respeitada. Conta-se que um dia perguntaram ao Mestre Ueshiba qual a mão que deveria ir primeiro ao chão na saudação em seiza e que ele respondeu que era indiferente ser a esquerda ou a direita, o importante era que o aluno estivesse bem presente no seu gesto.
Independentemente das diferenças, é importante transmitir aos alunos que o cerimonial e a etiqueta não são meras formalidades, gestos vazios sem significado. Os gestos que fazem parte do cerimonial do Aikido devem manifestar um respeito sincero pela arte, pelo dojo, pelo professor, pelos colegas, pelos instrumentos de prática, etc. No fundo é um cuidar daquilo que é importante para caminharmos na via que escolhemos. Se não existe este respeito, não há respeito pela via, não há respeito por nós mesmos.

De qualquer modo há elementos comuns a todas as escolas:

- A entrada e saída do espaço de prática do dojo é sempre marcada por uma saudação, nalgumas escola a saudação é de pé, noutras é em seiza, noutras ainda em seiza no início e no fim da aula e de pé se se precisar de sair durante a aula por breves momentos.

- O início e o fim da aula são marcados por um cerimonial conjunto que contém sempre um momento de silêncio meditativo. A este momento segue-se normalmente uma saudação à foto do fundador do Aikido, que na maior parte dos dojos se encontra no tokonoma. Depois desta saudação, professor e alunos saúdam-se mutuamente.

- O início e fim de uma prática, entre dois ou mais parceiros, são também marcados por uma saudação.

- A forma como se espera a entrada e a saída do professor é também dirigida por regras. Normalmente os alunos esperam no tapete pela entrada do professor e, no final da aula, mantêm-se em seiza até que o professor saia da sala. A forma como se espera pela entrada do professor varia um pouco de escola para escola. Nalgumas escolas essa espera é feita de pé, só se passando à posição de seiza no cerimonial de início da aula; noutras ela é feita já em seiza. Como já foi dito, o fundamental não é a existência duma regra universal, mas o cumprimento das regras que a escola adoptou.

- Nalgumas escolas os alunos alinham por ordem de graduação, os mais graduados do lado direito e os menos graduados no lado esquerdo. O cumprimento desta regra é difícil em grandes estágios quando se desconhecem as graduações dos outros praticantes. Nalgumas escolas não se segue esta regra. No dojo Aikikai de Tóquio, por exemplo, os alunos não alinham segundo nenhum regra, vão-se sentando nos espaços vagos à medida que vão entrando no tapete.

- Cultivar o silêncio durante toda a aula é ainda uma das características do cerimonial do Aikido. Quando há necessidade de empregar palavras para ajudar um praticante mais jovem isso deve ser feito usando o mínimo de palavras e sempre em voz baixa.
Os alunos devem, logo desde o início da prática do Aikido, compreender que o cerimonial e a etiqueta não são gestos acessórios na prática do Aikido, mas aspectos fundamentais desta prática. A atitude de cuidado para com os outros, para com o espaço onde se caminha nesta via, pelo ensinamento que no são transmitido, são aspectos fundamentais da unidade e harmonia que se busca no aikido.

O cumprimento das regras permite ainda desenvolver a atenção, a presença no presente, tão importante no Aikido. Ajuda ainda a apaziguar a mente que, muitas vezes perturbada pala agitação da vida, necessita de pequenos momentos ritualizados para atingir a calma necessária à prática.

terça-feira, 15 de março de 2011

A DECLARAÇÃO INICIAL




2 – Senhor, nós nos apresentamos a ti como praticantes de Teatro, unidos num amor fraternal e numa amizade mútua.
3 - Nós como praticantes, treinaremos os nossos espíritos e corpos de acordo com os ensinamentos dos professores e alunos mais graduados.

Amen.




(Adaptado do Juramento do Taekwondo e de Romanos 12)

OS NOSSO PRINCÍPIOS


-         Amor
-         Comunhão
-         Disciplina
-         Comunicação
-         Criatividade
-         Perseverança

GRADUAÇÃO DOS PRATICANTES DE TEATRO NO GRUPO




            Lenço Branco:

Representa pureza. A inocência do indivíduo sobre a arte e sobre os ensinamentos do seu professor. Representa a mente aberta que o aluno deve ter para aprender as coisas novas, o ser capaz de compreender um sem número de complexidades do Teatro. O lenço branco é como uma taça vazia mas sempre pronta e capaz de receber. Não tem preconceitos que o possam impedir de absorver novos conhecimentos. Há sempre espaço para aprender novas coisas. É como uma folha em branco em que o professor beneficiando da confiança do aluno irá escrever o seu desenvolvimento. Para que um indivíduo possa aprender algo na vida deverá ter a abertura e a curiosidade de um lenço branco.


Lenço Amarelo :

Representa o ouro, que significa a verdade. Considera-se importante que um indivíduo seja verdadeiro consigo mesmo e seja capaz de eliminar o egoísmo. o conceito de uma semente simbolizada pela cor amarela. Uma semente que se irá transformar numa planta tendo por base uma raiz sólida, para haver um crescimento de qualidade.


Lenço Verde:

O Lenço Verde significa crescimento. Desde que nós vivemos para o futuro, o crescimento é necessário e essencial para viver. O crescimento é associado normalmente com as mudanças e nós devemos aceitar aquelas mudanças mesmo que possam causar sentimentos de insegurança. A memória das nossas próprias realizações em Teatro serve para muitas funções. O Lenço Verde deve servir como uma referência para o nosso desenvolvimento. Os aplausos, uma contratação ou elogios não devem deter o treino, devendo este tornar-se mesmo mais duro para a missão seguinte. A semente amarela deu lugar à planta verde que alça agora o seu crescimento em direcção ao azul do céu.


Lenço azul:

O Lenço Azul é símbolo de céu. Embora a olho nu se possa ver somente uma parcela do céu, não representa o todo do céu. A cor do azul descreve e representa a mente, o potencial mental e a maturidade de um indivíduo. É a nossa determinação que nos dá a habilidade de ultrapassar tarefas difíceis. Consequentemente, devemos treinar para ser fortes tanto mentalmente como fisicamente. Os tempos duros não permanecem, mas uma mente resistente permanece para sempre. Atingindo o Céu, o Sol é o próximo alvo, incandescente, escaldante, energético.


Lenço Vermelho:

O Lenço Vermelho significa o sol, o seu brilho e a sua energia. É somente com a actividade física que um indivíduo adquire a sua identidade com as suas capacidades mentais. É com o treino físico em Teatro que ocorre uma instrução da mente. Superando-se com perseverança e determinação, o desenvolvimento do espírito indomável ocorre - o objectivo final do Teatro. Adquirir o espírito indomável com o treino físico da arte confere-lhe uma atitude mental que lhe permite tratar situações difíceis. Com nosso espírito indomável nós somos capazes da avaliação, de conquistar e de recuperar da desilusão ou do desapontamento. O Lenço Vermelho representa também a limitação, que é o oposto do Lenço azul, ilimitado. No contraste, a limitação permite ao indivíduo avaliar seu progresso. Prepara-nos para alcançar nossos objectivos de curto prazo que, por sua vez, nos conduz a conseguir um objectivo final.


Lenço Negro:


O Lenço Negro é a combinação das cores de todos os outros lenços, logo representa uma evolução, um crescimento dentro do Teatro. Mostra uma evolução dentro das várias etapas anteriores. Mostra um compromisso e um sistema de valores. Trata-se de um motivo de orgulho pelas difíceis tarefas que foram ultrapassadas e pelo desenvolvimento físico e mental conseguidos. O Lenço Negro mostra diferentes níveis de mentalidade e a capacidade de os usar para uma vida de sucesso.


(Adaptado da Graduação de Cintos do Taekwondo)

Conduta do Praticante de Teatro



 Dentro da Sala de Treino: 
  • A Sala de Treino  é local da prática de Teatro, presta-se o devido respeito com uma saudação à entrada e à saída.
  • Na Sala de Treino a ordem e arrumação de todas coisas é imperativa para a que o Praticante se envolva totalmente na sua prática, a Sala deve estar sempre limpa e arrumada.
  • Quando entra na Sala de Treino, o Praticante deixa do lado de fora todas as preocupações do quotidiano voltando a sua mente, espírito e corpo apenas para a prática e desenvolvimento da sua Técnica Teatral.
  • Não é permitido falar na Sala de Treino de qualquer assunto que não respeitante à prática do Teatro ou seu resultado. No caso de ser necessário recorrer à palavra, deve o discurso ser breve e directo, com Cortesia e Humildade.
  • Não é permitido o uso de linguagem inapropriada ou obscena, verbal ou não verbal.
  • Não é permitido comer na Sala de Treino.
  • Quando entra para a Sala de Treino, sem que a aula tenha começado, deve-se iniciar imediatamente exercícios de aquecimento e prática de Teatro, até à voz da formatura.  Não se deve encetar conversas despropositadas e brincadeiras.
  • Todos são responsáveis pela Sala de Treino, competindo aos mais graduados garantir o cumprimento da Etiqueta e Regras dentro do mesmo.
  • No fim de cada Aula, salvo excepção, deve a Sala de Treino ser limpa por todos aqueles que usufruíram da prática, como sinal de Cortesia e Humildade.
  • Não obstante seja a sala que consideramos a Sala de Treino utilizada também para outros fins, devem os Praticantes, a partir do momento em que entram para a sua prática, considerá-la sua e tratá-la com o devido respeito.

Cortesia e Respeito:

  • O Praticante, quando se junta à Família da Escola, fá-lo de livre vontade, aceitando as regras de Conduta e o Respeito pelos Professores e seus Irmãos.
  • A partir do momento em que integra a Escola, o Praticante reflecte a imagem da mesma, do seu Professor e dos seus Irmãos de Treino - é seu dever Honrar os mesmos, munindo-se de uma atitude correcta, discurso correcto, acção correcta e pensamento correcto, imbuídos do respeito pela Condição Humana, por toda a Vida e por si próprio.
  • Para que o Praticante possa evoluir a sua relação com o Professor é fundamental e deve assentar no Respeito Mútuo, Cortesia e Humildade.
  • O Professor quer o melhor para o Praticante, mesmo que por vezes não o possa parecer abertamente, deve o Praticante considerar  as Decisões do Professor e meditar sobre elas de forma a que as possa compreender abertamente.
  • Devem os Praticantes falar entre si de forma respeitosa, procurando a harmonia da Escola.  
  • Aconselha-se que o Praticante informe o Professor se participa em outra actividade teatral para além dos treinos.
  • Não é permitido o discurso depreciativo de qualquer outra actividade teatral. Todo o Artista procura o mesmo fim, o meio pelo qual o procura atingir não é objecto de análise externa.
  • A demonstração de Técnicas Teatrais ou aplicação não deve ser arbitrária, nem de forma alguma exibicionista, deve o Praticante primar aqui também pela Humildade.



segunda-feira, 14 de março de 2011

Yoshi Oida acerca do Teatro e das Artes Marciais


Segundo Yoshi Oida (actor e escritor japonês) em seu livro ‘’O Actor Invisível, a arte da interpretação caminha lado a lado com as artes marciais. Para ele, tanto actor como artista marcial têm de seguir com os treinos físicos de forma disciplinada e aplicada e ambos têm de estudar diferentes formas de artes como canto, dança, artesanato e, principalmente, as diferentes situações em que se encontrariam: a tensão de um combate ou de actuar. Estas comparações podem ser explicadas de maneira bem simples. Segundo os grandes mestres de Kung Fu, não existe artista marcial que não seja inteligente. Ele pode ser mal treinado ou não estar maduro o suficiente, e não saber como pensar em determinadas situações; mas um experiente e bem treinado “Artista Marcial” de fato saberá como agir e pensar independente da situação em que se encontre. Com o actor não é muito diferente: ele deve ser capaz de agir e pensar de maneira rápida e sagaz enquanto estiver nos palcos ou aguardando nas coxias; deve ser capaz de perceber, mudar de planos e tomar a atitude mais coerente nos palcos quando alguma coisa não sair como havia sido planejado durante os ensaios. Os antigos samurais (guerreiros imperiais do Japão antigo) davam prioridade à limpeza. Não só a limpeza física (do espaço ou do corpo), mas principalmente a limpeza da mente e do movimento, a concentração total e a perfeição alcançada nos mínimos detalhes. Isto só se alcançava com muito treino e principalmente com a prática incansável da repetição. O treino físico do actor não é muito diferente: é necessário muita dedicação e determinação para atingir os níveis de perfeição e precisão de movimento que o actor precisa a fim de expressar-se com verdade durante a actuação. Tanto a arte marcial quanto a arte da interpretação são baseadas principalmente na busca do auto-conhecimento e do desenvolvimento interior, uma vez que é necessário gerar mudanças internas e externas para ambas as artes. Nas camadas mais profundas da consciencialização corporal, temos uma série de factores psicomotores que interferem directamente no controle das nossas expressões. Quando bem treinados e com um nível de alta concentração, o actor se torna capaz de falar sem emitir palavras, mover-se sem movimentos, calar-se sem silêncio. O actor, assim como o artista marcial, trabalha a vida toda em busca do aperfeiçoamento técnico e da fluidez psicofísica. Isto requer uma grande habilidade e prontidão, mantendo assim sua interpretação sempre viva. Flexibilidade do corpo e da mente, força física e espiritual, capacidade de ler o outro apenas pelo corpo assim como a de se comunicar com apenas um simples olhar, são características e qualidades que ambos, actor e artista marcial possuem quando atingem o auge do seu treino. Entendemos, assim, que duas artes distintas podem ter suas semelhanças. Embora haja diferentes formações e géneros de atores e artistas marciais, aqueles que estudam a arte como um todo, chegam mais perto de encontrar um ponto de intersecção entre elas, e percebem que, acima de tudo, todas as artes (plásticas, dança, música, etc.) estão ligadas, unidas, e complementam-se umas às outras.